quarta-feira, 18 de julho de 2007



















Os insectos nunca dizem nada. Regozijam-se com esse capricho. Nunca dizem nada e o barulho que fazem é sempre pouco. Os insectos sorrateiros não são levados pelo vento que os leva. Não são esmagados pela princesa que os esmaga. Os insectos sorrateiros não estão no mundo onde estão e as suas carapaças não se atemorizam. Os insectos sorrateiros sabem os segredos dos astros e lêem no vento os dias que passam. E as princesas que os esmagam não sabem nada. Só gostam de não ver o vento passar e acham romântica a ideia da relva. As princesas que os esmagam são tolas e inocentes e pobres dos insectos que têm de parecer cordiais.

terça-feira, 17 de julho de 2007
























Não me peçam nada além da máscara. Nada além de nada e não me apontem olhos e lentes. Não me olhem que não consigo olhar-vos eu. Que não consigo levantar a cabeça sequer. Que não consigo desprender-me do chão. Não me peçam nada além da máscara, que nada além da máscara tenho para vos dar. Não sei quantos grãos tem este solo. Não sei da vida os segredos, nem da morte se existe. Não sei nada e nada tenho além da máscara, que me pesa demasiado para que a suporte. Não me peçam nada além da máscara que verga, que só a máscara vos posso dar. E só a máscara vos darei. E tudo acabará bem porque tudo é perfeito quando acaba bem. Tudo é perfeito quando acaba. Tudo é perfeito.